“Para trabalhar no setor social e da saúde é necessária formação contínua”

11 de maio de 2023
Irene Braojos
Irene Braojos
Supervisor de internação no hospital Habana Madrid Fraternidad Muprespa.

Hoje conversamos com Irene Braojos. Diploma em Enfermagem pela Escola de Enfermagem San Juan de Dios-Comillas. Possui mestrado em Bioética pela Pontifícia Universidade de Comillas (Madrid).

Tem uma ampla experiência como enfermeira e professora na Unidade de Cuidados Paliativos do Centro de Humanização da Saúde, bem como no Hospital Internacional Ruber e na Fraternidad-Muprespa. Atualmente trabalha como supervisora de internação no hospital Habana Madrid Fraternidad Muprespa.

Depois de mais de 20 anos colaborando com FTF como formador na área de cuidado e humanização, Conversamos com ela para perguntar sobre a evolução do setor e sua experiência profissional na área social e de saúde.

Que diferenças você vê entre o treinamento de 20 anos atrás e o de agora?

Atualmente vivemos na era digital e isso também mudou a formação, principalmente depois da pandemia.

Neste sentido, são ministrados muitos cursos online que nos permitem chegar a um maior número de alunos sem a necessidade de estarmos todos juntos, permite que cada um adapte o ritmo de formação à sua situação pessoal, permite gerar debate em fóruns maiores e têm mais opções para oferecer conteúdo por meio de compartilhamento de links ou por meio de diversas redes sociais.

É verdade que se perde o “presencial”, o que por vezes pode ser prejudicial ao treino. Por isso, é importante não deixar de lado os treinamentos presenciais.

Como conseguimos, através da formação, promover a qualidade dos cuidados às pessoas em situação de dependência?

Com a formação procuramos garantir que os alunos adquiram conhecimentos teóricos, desenvolvam competências práticas e atitudes humanas que lhes permitam realizar um trabalho centrado na pessoa em que o utilizador é o verdadeiro protagonista.

Desta forma, é possível aumentar a qualidade do atendimento e promover a dimensão psicoemocional. Procuramos garantir que no desempenho do seu trabalho sejam capazes de “ser, saber fazer e saber ser”.

Ao longo do seu percurso profissional, continuou a formação como enfermeiro?

É claro que para poder trabalhar neste setor é necessária uma formação continuada. Todos os dias há atualizações sobre tratamentos, novas terapias, pesquisas, novos protocolos, etc. É fundamental adquirir novos conhecimentos, bem como se reciclar para não se tornar obsoleto.

Além disso, considero que o conteúdo da licenciatura é insuficiente em algumas disciplinas como comunicação com o paciente/cliente, trabalho em equipa, capacidade de comunicação, resolução de conflitos, bioética.

Este conhecimento é fundamental para a qualidade e o cuidado humano, por isso ao longo da minha carreira também achei muito interessante continuar a formação nestas vertentes, não apenas nas puramente técnicas.

No último ano você participou de diversos projetos de e-learning, desenvolvendo manuais didáticos para cursos como Estômias, Tratamento de Incontinência e Dispositivos Assistivos e Redução de Contenção.

Qual deles representou para você o maior desafio profissional na elaboração dos manuais didáticos?

Talvez o manual de ensino de estomia, uma vez que existem muitos tipos de estomas, que afetam vários sistemas, exigem cuidados de enfermagem diferenciados e podem ter diversas complicações, por isso sua elaboração foi um pouco mais trabalhosa.

Você acha que essas ações de formação auxiliam no direcionamento dos profissionais do cuidado no dia a dia?

Penso que sim, uma vez que os alunos se deparam com os temas abordados e com casos práticos que surgem no seu dia-a-dia de trabalho. Nos fóruns de participação dos diversos cursos o feedback dos alunos é muito positivo, demonstram interesse pelo conteúdo e consideram-no útil e necessário.

Pela sua formação e experiência como presidente do Comitê de Ética Assistencial do Centro Sócio-Saúde San Camilo, você considera que os profissionais sócio-saúde são formados especificamente em Bioética e Cuidados Paliativos?

São temas que aos poucos vão ganhando espaço e se tornando mais conhecidos pelos funcionários dos centros sociais e de saúde. Da mesma forma, há uma maior consciência da sociedade, mas ainda há muito trabalho a fazer.

Quando concluí o mestrado em bioética e trabalhei em cuidados paliativos, tinha colegas de profissão que desconheciam completamente essas áreas. Hoje em dia isso não acontece, pelo menos todos sabemos do que estamos a falar, fizemos alguns progressos, mas como já disse falta-nos formação a este nível.

São questões complexas, que abrem as nossas próprias feridas e são difíceis de trabalhar, mas são fundamentais. É verdade que o sector social da saúde tem uma sensibilidade e um interesse especial por estes aspectos no que diz respeito ao sector hospitalar.

No ano passado você escreveu um artigo sobre Implementação do uso da linha média em pacientes com internações prolongadas ou processos infecciosos, pelo qual recebeu o PRÊMIO SETLA (Sociedade Espanhola de Traumatologia Ocupacional) PARA A MELHOR COMUNICAÇÃO DE ENFERMAGEM ORAL.

Você pode nos explicar brevemente em que consiste a implementação deste sistema e como ele ajuda os pacientes.

O mediano é um cateter venoso de longa distância, composto por um material com alta biocompatibilidade, que permite a administração de substâncias altamente irritantes sem causar danos ao vaso. Esses tratamentos administrados com cateter venoso convencional produzem muito frequentemente flebite e extravasamento com o que isso acarreta.

Após a sua implementação e formação do pessoal de enfermagem dos diferentes departamentos, estamos a utilizá-los em pacientes com antibióticos altamente irritantes que normalmente necessitam de prolongar o tratamento entre três semanas e um mês. Assim, com um único processo, geralmente finalizamos o tratamento, diminuindo o sofrimento do paciente e o custo para o centro.

Leia o artigo aqui

Quanto à sua experiência no setor de treinamento, o queQue desafios você costuma encontrar quando precisa ser tutor de um curso online?

Às vezes é complicado, quando encontramos um grupo pouco participativo e/ou pouco motivado, transmitir-lhes interesse e fazê-los participar. Tento usar mais recursos, postar vídeos ou artigos que acho que podem ser do seu interesse, mas nem sempre surtem efeito. Com o treinamento presencial é mais fácil para mim resolver essas situações.

Em todos estes anos aplicou técnicas de inovação pedagógica para melhorar as ações de formação que ministra?

Claro, um exemplo claro é a utilização de diversas plataformas para ministrar aulas online com alunos de diversas cidades, facilitando o atendimento e participação de todos eles sem necessidade de deslocamento, o que lhes permite compatibilizá-lo com seu trabalho. Isso era impensável há alguns anos.

Quais você acha que são os pontos diferenciadores no formações O que o FTF faz?

Acredito que individualizamos altamente a formação que cada cliente necessita, tornando-a mais enriquecedora para o desempenho do seu trabalho.

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