Dia Mundial Contra a ELA, entrevista com Iolanda Cava

Na ocasião de Dia Mundial Contra a ELA (Esclerose lateral amiotrófica), entrevistamos Iolanda Cava, nosso novo gerente técnico, especialista no setor de Deficiência.

¿Hoje, que é o dia da ELA, você poderia nos explicar o que é a Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA)? Você acha que às vezes esquecemos que a dependência pode ser uma condição repentina?

A esclerose lateral amiotrófica é uma doença neurodegenerativa que afeta os neurônios do cérebro e da medula espinhal, responsáveis pelo movimento voluntário dos músculos do nosso corpo.

Com o desenvolvimento desta condição, as células nervosas param de se conectar corretamente com os músculos, fazendo com que o cérebro perca o controle sobre elas. Isto resulta numa atrofia muscular progressiva que geralmente começa nas extremidades e se espalha para outras partes do corpo, prejudicando algumas das suas funções essenciais.

Os sintomas podem variar dependendo do caso dependendo das células que podem ter sido afetadas, mas principalmente são perda da função motora, dificuldade para engolir, respirar e/ou falar, cãibras musculares, espasmos e rigidez, perda de massa muscular, náusea ou sufocamento .

É uma doença grave que, segundo a OMS, afecta 2 a 5 em cada 100.000 pessoas no mundo, com uma elevada percentagem de mortalidade nos primeiros 5 anos a partir do seu diagnóstico. 

Com efeito, a dependência pode ser uma condição súbita e surgir em qualquer momento da vida, quer devido a doenças crónicas de vários tipos (cardiovasculares, neurodegenerativas, oncológicas...) quer devido a acidentes e lesões.

Iolanda Cava, nova chefe da FTF, dá-nos entrevista no Dia Mundial contra a Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA)

Você poderia nos explicar o que é o setor de dependência? Em quantas áreas diferentes você pode trabalhar neste setor?

O sector da dependência refere-se aos serviços e actividades que visam prestar apoio a pessoas que se encontram em situações de especial fragilidade e vulnerabilidade.

Os profissionais deste setor podem atuar, dependendo do seu perfil, no atendimento direto e especializado a diferentes grupos: idosos, pessoas com doenças mentais, pessoas com deficiência (intelectual, física, sensorial, orgânica) ou pessoas com doenças súbitas ou inesperadas. danos adquiridos.

Os apoios são recursos e estratégias que têm como objetivo promover a qualidade de vida e o bem-estar da pessoa em diferentes vertentes: a sua autonomia na realização das atividades básicas da vida diária, bem como o seu desenvolvimento individual, promovendo a inclusão social e a participação comunitária. em termos iguais.

Estes apoios são operacionalizados a partir de diferentes serviços: centros residenciais, centros de dia, centros socio-sanitários de cuidados intermédios, apoio domiciliário, teleassistência, centros especiais de emprego, centros ocupacionais, serviços de lazer e tempos livres e alojamento abrigado, entre outros.

Como especialista em deficiência, poderia explicar-nos qual é a diferença entre deficiência e dependência?

De acordo com a Lei 39/2006, de 14 de dezembro, de Promoção da Autonomia Pessoal e do Cuidado de Pessoas em Situação de Dependência, para que uma pessoa se encontre em situação de dependência devem existir três circunstâncias:

  • Que existe uma limitação que diminui certas capacidades da pessoa, sejam elas físicas, intelectuais ou sensoriais.
  • Esta deficiência impede a pessoa de realizar as suas atividades de vida diária de forma autónoma.
  • Que a realização destas atividades requer a assistência de uma terceira pessoa.

Portanto, a dependência pode afetar qualquer pessoa, independentemente da idade, embora o risco possa ser maior durante o envelhecimento.

Em relação à deficiência e a pedido de entidades líderes do setor, a RAE redefiniu o conceito como: “A situação da pessoa que, devido às suas condições físicas, sensoriais, intelectuais ou mentais duradouras, encontra dificuldades na sua participação e inclusão social. 

Isto tem origem na Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência aprovada em 2008, que alerta que: ““A deficiência é um conceito em evolução que resulta da interação entre as pessoas com deficiência e das barreiras decorrentes da atitude e do ambiente que impedem a sua participação plena e efetiva na sociedade, em igualdade de condições com os outros.”

Atualmente, a deficiência é concebida como um fenômeno complexo e multidimensional que não considera a pessoa isoladamente, mas sim na sua interação com a sociedade em que vive. 

Esta definição reconhece, pela primeira vez, o contexto social como factor determinante da deficiência de uma pessoa.

Ao contrário do conceito de dependência, a deficiência não implica necessariamente uma falta de autonomia completa, uma vez que muitas pessoas com deficiência podem viver de forma independente com apoios adequados.

Diz-se que trabalhar num sector como este deveria dar-nos orgulho. Acha que é necessário aumentar a consciência sobre a sua importância? você pode explicar por quê?

Acredito que trabalhar neste setor proporciona um profundo sentido de propósito porque, desde o início, tem um impacto direto na vida das pessoas, ajudando a melhorar a sua qualidade de vida, proporcionando apoio e cuidados de qualidade, dignidade e autonomia que colocam a pessoa e suas famílias no centro dos cuidados.

É um setor que dá visibilidade e endossa a máxima que diz que nada que é humano deveria ser estranho para nós. Portanto, contribui também para criar contextos facilitadores e inclusivos que garantam o acesso das pessoas aos seus direitos com igualdade de oportunidades, fortalecendo o tecido social e promovendo maior coesão comunitária.

Além disso, trabalhar neste setor, a partir das diferentes funções e perfis que lhe conferem, é um desafio profissional que exige não só competências técnicas de natureza assistencial, mas também competências de elevado valor que coloquem em jogo a comunicação, a empatia, a escuta ativa, a flexibilidade. , resiliência, generosidade, trabalho colaborativo e aprendizagem contínua.

Este é um setor em crescimento e com grandes oportunidades de emprego devido à grande procura de profissionais qualificados em todas as áreas de apoio. Sem dúvida, cabe a nós que nela participamos direta ou indiretamente tornar visível a sua importância e elevá-la ao nível de respeito e dignidade profissional que merece.

Como Gerente Técnico do Fórum de Treinamento Técnico, como você acha que deveria ser o treinamento nesta área?

O objetivo da formação nesta área é profissionalizar o setor e promover as boas práticas na cidade e a prestação de bons apoios, melhorando as competências que as equipas profissionais necessitam para a excelência no desempenho das suas funções.

O Modelo Pedagógico Construtivista é a base do desenho instrucional e técnico-pedagógico da FTF, a partir do qual a aprendizagem é concebida como um processo de construção ativo voltado para os alunos no qual se integram o SABER (competências conceituais), o SABER FAZER (competências). /procedural) e SABER SER E SER (competências atitudinais) a partir de contextos facilitadores, funcionais e significativos.

Na FTF contamos com diversos canais para analisar o pulso da formação no setor. O principal canal é a estreita colaboração com as nossas entidades clientes e a confiança que depositam em nós para a concepção técnico-pedagógica e implementação do seu plano de formação.

Os restantes canais, não menos importantes, são os indicadores de resultados, tanto o impacto como a satisfação dos alunos, bem como o excelente trabalho em equipa com o nosso corpo docente e a nossa Comissão Técnica Consultiva (CTA). Diante de cenários voláteis e incertos, é fundamental contar com os talentos da equipe para criatividade e inovação.

Numa conferência de Design Thinking organizada pela FTF no final do ano passado através da metodologia World Café, em conjunto com o nosso CTA, abordamos os desafios enfrentados pelo setor e as necessidades de formação dos profissionais, concluindo que:

  • A formação deve também ser a alavanca da empatia no apoio e da mudança de olhar perante o utente, cocriando novas narrativas que apostam no cuidado integral centrado na pessoa, no aprofundamento das terapêuticas não farmacológicas, no bom tratamento e na humanização dos cuidados.
  • A formação no nosso setor deve ser o motor da qualidade e excelência nos cuidados e para isso é necessário promover lideranças mais empenhadas e uma gestão mais envolvida na formação e no bem-estar das suas equipas.
  • Após quatro anos de pandemia, a importância em nosso setor de retornar aos itinerários presenciais ou mistos: Conhecer-Fazer-Ser por meio de modelagem, simulação e casos práticos em contextos reais, transferindo competências para a ação.

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